Oi ;)
Eu cresci nos anos 80, minha infância se passou na década mais colorida e mágica que já existiu. Na minha vidinha classe média, era tudo maravilhoso. Foi assim que me acostumei com rituais. Toda aquela preparação. Você gastava certa energia ao fazer.
Montar os brinquedos antes de brincar, ir até uma locadora alugar filmes, esperar o programa de tv pra ver o lançamento de um clipe, ficar plantada perto do rádio até que tocasse uma música específica pra gravar numa fita k7, correr lá fora pra dar aquela virada marota na antena UHF pra fazer a MTV pegar.
Já em plenos anos 90, num passado próximo, lembro que pra conseguir comprar o cd do The Verve, tive que me abalar até uma loja, encomendar e esperar dias até que chegasse. Claro que prefiro mil vezes hoje pegar o celular e dar play no álbum em qualquer hora qualquer lugar. Mas entende o que quero dizer?
Esses momentos eram uma parte tão importante quanto o objetivo final em si. Significava um pequeno esforço para conseguir o que queria.
Bom, aí a tecnologia avançou (que bom) e nada disso precisou mais ser feito. Hoje basta apertar um botão sem sequer sair do lugar e tudo acontece. Eu, como adepta da lei do menor esforço, aprovo. Então me dei conta: não restou nenhum ritual. Nada. Nadica.
Comecei a pensar sobre isso quando deu vontade de ler uma revista. Folheá-la com calma, degustando as imagens e as palavras como se o mundo parasse. Mas aonde vou achar uma banca na minha cidade nessa altura do campeonato?
Banca de jornal traz uma memória afetiva muito forte do meu pai.
banca do dias / banca da rodoviária / banca do rosário / banca do largo do riachuelo / banca do fórum
Ele amava ler jornais, revistas. Na minha cidade, antigamente, havia várias delas espalhadas e a gente ia muito juntos. Hoje não sobrou uma das que me lembro, apenas uma loja no mercado municipal que o forte são hq's e revistinhas Coquetel.
Rituais que não existem mais. Hoje senti falta deles.
Tá, não sou aquela saudosista que acha que hoje em dia nada presta, muito pelo contrário, não largo minhas playlists do spotify por nada desse mundo, nem o simples ato de dar play em algum filme, série ou vídeo sem levantar da cama. Sou a favor da lei do menor esforço (já disse né). Até por que me dei ao trabalho de tentar comprar uma revista para reviver #momentos e não consegui achar um lugar pra comprar. Uó.
Ah e agora que experimentei o famigerado audiobook, sério, não quero ler nunca mais na minha vida. Coisa linda demais. Dá pra ouvir um livro enquanto lava o banheiro, enquanto prepara o almoço, enquanto qualquer coisa. Quem sabe não realizo o sonho de me tornar Lea Michele.
Falando em audiobook, Neidinha Spears lançou seu livro babadeiro com vários exposed, aí tive que assinar o Audible. Se recomendo? Oxiiii… só vai. Se for Prime são 3 meses grátis e se não, garante 1 mês. Caso não queira pagar depois, coloca lembrete pra cancelar. Kindle? Que Kindle? De nada mais me lembro.
Pra quem leu ou tá lendo, um querido fez uma thread momentos do livro, ou seja, matando a cobra e mostrando o pau. Achei trabalho jornalístico. Tudo.
Aliás, quero cadeia para o pai, mãe e irmã e sofrimento eterno para JT e Kevin Federline.
New York tá diferente
Tem doido pra tudo e tem um certo doido documentarista chamado John Wilson que munido de sua câmera e microfone sai pelas ruas de NY mostrando situações peculiares. É quase um estudo antropológico dos moradores da cidade e dele próprio. E a produção do Nathan Fielder torna tudo mais interessante.
A visão de John sobre o cotidiano e o modo como liga uma coisa com a outra e monta os episódios, é fascinante. Por exemplo, no episódio “Como assistir ao jogo”, ele logo cai em um encontro de amantes colecionadores de aspirador de pó. Sério, é bizarro e incrível ao mesmo tempo.
Mesmo os “flagras” da câmera não sendo tão espontâneos assim, a NY apresentada aqui é bem diferente daquele glamour de metrópole cosmopolita que a gente vê nos filmes e matérias por aí. Dá pra entender por que a cidade é infestada por ratos. Vale demais.
Looping do momento
Claro que tinha de ser a pessoa mais feliz, apaixonada e radiante do momento: TS. É o último álbum da série de regravações, feitas pra retomar a propriedade de seu antigo material.
Além das regravações, também há músicas extras, uma chamada "Slut!" que aborda sua reputação na época. Outra, Is It Over Now?, chama um ex-namorado de “traidor mentiroso”. Dizem as boas línguas que é o Harry Styles. Delícia.
É isso! Fique bem e até a próxima! Tô por aí - twitter katiadel e no céu azul katiadel.bsky.social
Se quiser comentar, comenta aqui ou só responder esse e-mail! Amo saber o que a audiência pensa <3
🤓 perdeu as últimas edições diorâmicas?
#109: Decadence avec elegance
#108: Um ensaio sobre constrangimento
#107: O Brasil tá com tudo e não tá prosa
📧 Dioramas Modernos é uma newsletter quinzenal que tenta organizar o caos de nossos tempos com pitadas de cultura pop, gifs, memes + muita paranoia e teoria. Um bate-papo sobre coisas da vida e as fixações de todos nós.
O meu ritual moderno é ter uma sequência de apps para abrir no celular. 🤭