Rede social e criptomoedas, o que têm a ver? Tudo
BitClout e a influência que pode valer moeda digital
hey friend!
Andei pirando num assunto da modernidade e queria dividir com você, caro leitor, pois como diz o sábio ‘o barato tá louco’ e eu queria entender melhor um certo advento, o das criptomoedas ou em inglês criptocurrency (fica mais chique, vamos combinar) além de seu valor financeiro.
Não que tenha aparecido hoje, é até jornal de ontem. A primeira criptomoeda a se ter notícia (Bitcoin) vem de 2008, porém nunca se falou tanto desse assunto como agora. E pra somar veio aí uma nova rede social construída numa blockchain que tem como criptomoeda a BitClout (BTCLT), e na qual utilizadores podem especular com a reputação de uma celebridade como fazem com o valor de ações, ETFs e criptomoedas.
But WTF? Como vim parar aqui meu deus eu só tenho 6 anos
Éeeee, black mirror pouco é bobagem. Rede social, influência e criptomoeda tudo junto e misturado. Dinheiro em espécie é coisa do passado, a moda agora é... uma doidera sem tamanho.
A BitClout é uma plataforma que permite investir em figuras conhecidas como se tratassem de ações de uma empresa.
Pense no Instagram e Twitter. Enquanto essas plataformas medem a influência social de seus usuários por meio de curtidas e número de seguidores, a BitClout faz isso anexando um preço real de etiqueta. Se você clicar no perfil de Kim Kardashian, verá que a moeda de seu criador custa $ 5.890,85. Semelhante a uma ação, o preço da moeda é em função de quanta demanda existe por ela.
Algumas celebridades na BitClout têm marcas de verificação azuis sinalizando a verificação, como fariam em outras mídias sociais. Mas Kardashian tem um ícone de relógio cinza, indicando que seu perfil está "reservado". Em outras palavras, ela não tem nada a ver com a conta, embora possa reivindicá-la a qualquer momento.
Ou seja, a celebridade pode nem ser ‘a própria’, apenas alguém usando o nome.
Mais exemplos de artistas que estão lá: Diplo, Steve Aoki, Pamela Anderson, Chelsea Clinton e até o time Boston Celtics. Na prática você precisa ter ‘dinheiro’ pra investir. Esse dinheiro é Bitcoin que depois converte para a sua própria criptomoeda (BTCLT). Hoje (14/06) um Bitcoin equivale a 204.129,67 cloroquininhas. É como a bolsa de valores, onde as ações são os próprios usuários. Alguns valem mais outros menos dependendo da reputação de cada um.
Por exemplo: Se Elon Musk lançar um foguete para Marte, seu valor deverá subir. Se ele usar um calúnia racial durante uma entrevista coletiva, então, “o preço da moeda deveria, teoricamente, cair”.
Aí vem o grande porém da coisa toda:
Os tokens adquiridos não podem sair da rede. Só é possível enviar tokens BitClout a outros usuários da plataforma ou usá-los para comprar as moedas de criadores, ou seja, não há como convertê-los em dinheiro ou em Bitcoin. Também não há como verificar as transações da plataforma em uma blockchain nem existe um código de programação disponível do projeto.
Pois muito que bem, esses fatores já acendem a luz do “ih pode dar merda”, por isso a New Yorker fez uma matéria com o título: O Obscuro e Democratizante Poder do Mercado de Ações da Mídia Social.
Revolução ou golpe?
Os criadores não podem lucrar com seu próprio valor sem possuir suas próprias moedas, ou seja, investir. E ainda não há um canal formal para tirar seu dinheiro da plataforma. O que me faz pensar: se eu tenho algo que vale dinheiro e não posso usá-lo, qual a utilidade? Quem realmente ganha?
Como diz Caroline Lester, responsável pela matéria na New Yorker:
Iniciar uma criptomoeda é um pouco como iniciar uma religião. Sem adesão em grande escala, o sistema parece um culto. Embora a equipe de desenvolvimento da BitClout nunca tenha se apresentado publicamente, o fundador principal - que interage com os usuários no site por meio do identificador “Diamondhands” - é amplamente suspeito de ser Nader Al-Naji, um ex-engenheiro de software do Google. Não está claro por que o principal fundador insiste no anonimato, embora possa ter algo a ver com imitar Satoshi Nakamoto, o pseudônimo usado pelo fundador desconhecido do Bitcoin. Seja qual for o motivo, Diamondhands corre o risco de criar uma espécie de efeito Elizabeth Holmes: como sua gola rolê preta inspirada em Steve Jobs, a imitação de Nakamoto do fundador da BitClout pode parecer menos um sinal de validade e mais o início de uma farsa.
Pra mim qualquer coisa que pareça muito promissora já me acende um alerta. Alguém vai ganhar dinheiro com isso? Certamente vai. Todo mundo vai ganhar? Não.
Não entendi nada, cheguei de Marte agora
Se pra você criptomoedas é como o caviar pra Zeca Pagodinho, nunca vi nem comi eu só ouço falar, vou explicar rapidinho neste modesto glossário:
Criptomoedas: moeda digital operar sem a necessidade de uma autoridade central ou banco
Bitcoin: a primeira criptomoeda criada em 2008 supostamente por Satoshi Nakamoto. Digo supostamente porque ele é anônimo. Ninguém sabe quem ele é.
Altcoin: criptomoedas ou tokens digitais, criadas a partir da tecnologia criptográfica semelhante ao Bitcoin. São outras criptomoedas, exemplo: Ethereum, Litecoin, Dash, Dogecoin, etc
Blockchain: é um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informação pela internet. São pedaços de código gerados online que carregam informações conectadas – como blocos de dados que formam uma corrente. É um livro de registros público onde fica registrado informações como: a quantia de bitcoins (ou outras moedas) transacionadas, quem enviou, quem recebeu, quando essa transação foi feita e em qual lugar do livro ela está registrada.
Mineração: um computador faz cálculos matemáticos complexos para solucionar uma equação criptográfica. Isso serve para verificar e validar transações com a moeda, evitando fraudes. Cada vez que esse algoritmo é solucionado, "blocos" são adicionados à blockchain. O dono da máquina que consegue resolver a equação recebe bitcoins em troca pelo serviço prestado. Mas não se anima não pois a energia elétrica gasta ao fazer essa tarefa é surreal. Imagina agora na bandeira vermelha?
Achou que eu não ia recomendar um documentário?
Cryptopia: bitcoin, blockchains e o futuro da internet (2020, Prime Video)
Uma coisa bem difícil quando se trata de alguns assuntos é encontrar o tema sem viés. E este documentário cumpre bem esse papel. Não glorifica, nem demoniza. Mostra através de diferentes fontes de informação o desdobramento do mercado de criptomoedas no mundo até agora.
Quer saber mais sobre BitClout?
Página da BitClout explicando tudo: docs.bitclout.com
Matéria da New Yorker: The Dark, Democratizing Power of the Social-Media Stock Market
Matéria da Business Insider: How to use BitClout to bet on the popularity of influencers like Elon Musk on the world's first crypto social network
Em português:
Conheça o ‘Bitclout’ e saiba por que os artistas estão se reunindo em massa.
Fraude? BitClout lucra US$ 160 milhões em tokens ligados a celebridades
O assunto é infinito e bem complexo. Já dá pra pirar lindamente. Seja como for, é bom ficar de olho, principalmente no que isso pode desenrolar no futuro. E é aquela história, prudência e canja de galinha não faz mal a ninguém. Eu resisto um pouco às ideias eufóricas. De como alguns apresentam como a revolução ou o Santo Graal da humanidade. Pera aí cara pálida, é uma revolução pra quem? Existem milhares de pessoas que nem uma simples conta em banco possuem. Enfim…
Nada contra ter uns bitcoinzinhos como investimento. Apenas devagar com o andor que o santo é de barro. Só isso que eu digo ☺
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